junho 15, 2011

Ascensão da China: sem data para terminar

O notável crescimento da China desde o fim da década de 1970 inverteu a relação de trocas que vinha prevalecendo em todo o mundo desde meados do século XIX: “commodities” primárias menos valorizadas x manufaturas mais valorizadas.

Essa foi uma das conclusões importantes do XXIII Fórum Nacional, realizado em meados de maio pelo INAE - Instituto de Altos Estudos, dirigido pelo ex-Ministro João Paulo dos Reis Velloso.

A China, crescendo como está, mostra, por um lado, um apetite voraz por alimentos, combustíveis e matérias-primas industriais. Por outro lado, o sucesso chinês na incorporação de enormes massas de ex-camponeses à sua produção industrial, assim como na rápida absorção de tecnologia de ponta, está fazendo do país a mais competitiva fonte de manufaturas do planeta. Nestas novas circunstâncias, são as “commodities” que estão mais caras e as manufaturas, mais baratas, no mundo inteiro.

A segunda conclusão dos debates do Fórum é que a estratégia chinesa de crescimento é sustentável por todo o futuro previsível. Isto não quer dizer que o país continuará crescendo ao incrível ritmo dos últimos anos, ou que não encontrará problemas pela frente. Mas significa que o atual círculo virtuoso, formado, em conjunto, por elevada taxa de poupança, avanço tecnológico incessante e enorme reserva de mão-de-obra campesina, poderá sustentar a rápida atualização da infraestrutura, o forte crescimento do consumo interno e a elevada competitividade de suas manufaturas.

Em suma, a China continuará crescendo vigorosamente - e isto manterá por muito tempo a tendência mundial de valorização das “commodities” primárias em relação às manufaturas.