No post de 17/02/2011, eu dizía que, face ao desacordo existente entre os políticos a respeito de qual deva ser o nosso processo eleitoral, “é difícil acreditar em qualquer reforma no curto prazo”. Os acontecimentos desta semana estão levando essa previsão a se realizar mais rápidamente do que eu imaginava.
Na terça-feira passada (29-03-2011), a Comissão de Reforma Política do Senado aprovou a proposta de adoção do sistema de representação proporcional com lista fechada para as eleições de deputados federais e estaduais. Nove senadores votaram a favor dessa proposta, enquanto sete preferiram o ‘distritão’. Reparem que essa aprovação contou com um amplo espectro ideológico de partidos: um voto do DEM, dois do PMDB, quatro do PT, um do PSB e um do PCdoB.
A lista fechada assegura o ‘caciquismo’ explícito, ou seja, o comando dos diretórios estaduais dos partidos sobre a escolha dos seus candidatos. Por isso, não parece mera coincidência que tenha conquistado a preferência dos nossos senadores, os quais se contam entre os principais líderes partidários nos seus estados.
O ‘distritão’ também dá força aos líderes partidários estaduais para escolherem candidatos ricos ou famosos, que podem manipular como seus ‘pupilos’ políticos. Por isso, também não surpreende que tenha sido a segunda escolha dos nossos senadores.
Enquanto isso, o voto distrital uninominal, puro ou misto, defendido por líderes do PSDB, sequer foi a voto na Comissão do Senado. Por outro lado, vários deputados já se manifestaram contra qualquer proposta oriunda do Senado, pois não admitem que os senadores assim definam o seu futuro.
O ‘Panorama Político’ do ‘O Globo’ de 31/03 noticia que, segundo a avaliação dos principais partidos, o maior beneficiado pelo sistema proposto é o PT, pois passa a contar tão somente o voto na legenda. O resultado é que “líderes partidários estão pensando em dar meia volta e deixar tudo como está”.
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