abril 18, 2011

Ser ou não ser de direita: o dilema dos políticos brasileiros


O Brasil vive hoje um paradoxo interessantíssimo. Nenhum dos partidos políticos brasileiros se dispõe a assumir uma posição liberal de centro-direita. Ao mesmo tempo, o eleitorado do país, inclusive a sua parcela mais pobre, se manifesta vez após vez favorável à defesa de direitos individuais (lembram-se do referendo sobre o desarmamento?) e à redução das regras burocráticas, da carga fiscal e do tamanho do governo federal. O noticiário dos últimos dias salienta esse paradoxo.

O ‘The Economist online’ do dia 6 de abril mostra os resultados de uma pesquisa de opinião realizada em 2010 pela GlobeScan sobre o livre mercado como o melhor sistema para o futuro do mundo. Somando-se todas as manifestações de aprovação a esta ideia, o Brasil surge em segundo lugar, com 77%, logo atrás da Alemanha, com 78%, e bem à frente dos EUA, com 59%. Considerando-se apenas as manifestações de forte aprovação, o Brasil surge em primeiro lugar, com 43%.

Enquanto isso, o ‘The Economist’ impresso do dia 9 traz uma reportagem sobre o dilema do PSDB, que oscila entre manter-se na centro-esquerda, contando com um desgaste do PT, ou mover-se para a direita, em busca do voto da classe média. Segundo o cientista político Alberto Almeida, do Instituto Análise, de São Paulo, citado nesse artigo, existe um potencial de substancial ganho eleitoral para os políticos que tiverem a coragem de se opor à atual política, de elevada taxação para manter altos gastos governamentais como fórmula de crescimento da economia brasileira.

E o ‘O Globo’ de 13 de abril, traz uma reportagem sobre a reação crítica dos líderes do PSDB ao recente artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defendendo essa virada à direita. Até mesmo a liderança do DEM criticou FH pelo que disse, sem se preocupar com a correção dos seus argumentos.

O que será que impede os nossos políticos de enxergarem a realidade brasileira?

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